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Filosofia da Caixa Preta (Flusser)

 

 Imaginação é a codificação de fenômenos de quatro em duas dimensões do plano e a capacidade de decifrar imagens. Ou seja, transcodificam conceitos para uma superfície. Por sua vez, imagem é um elemento subjetivo porque depende da interpretação pessoal do observador.

   As imagens não eternizam momentos, mas substituem eventos por cenas. Elas tornam a natureza acessível a nós ao representá-la. Nossa ideia de mundo é uma síntese de diversas imagens observada. Porém, há uma inversão no vetor de significações: a fotografia é a realidade e não o que se passa lá fora. O homem ao invés de usar a imagem como instrumento de conhecimento de mundo, ele vive em função dela.

  Aos poucos as imagens são substituídas pela escrita. A escrita é menos concreta que a imagem porque abstrai três planos, deixando apenas a conceituação explicita. Ela foi criada para desbravar a imagem, então ao estudar a escrita conceitua-se uma imagem. Na dialética, a imaginação (imagem) e o conceito (escrita) se reforçam. Por sua vez, as imagens técnicas sucedem os textos. Elas imaginam textos que concebem imagens que imaginam o mundo. O observador confia mais nas imagens técnicas do que em seus próprios olhos. Mesmo parecendo ser objetivas, elas devem ser interpretadas pelo observador. Decifrá-las significa codificar textos em imagens. Sua magia consiste em mudar nossa visão em relação ao mundo, devemos nos desvincular do conceitualismo e ir em direção a imaginação.

  A principal crítica do texto é a caixa preta, o mecanismo de obtenção da imagem técnica. É proposto no texto o branqueamento da mesma, ou seja, devemos decifrar a imagem e entender seu processo de formação. O aparelho fotografia era para ser um instrumento (uma extensão do corpo humano, nesse caso ao permitir maior visibilidade), contudo se transformou em máquina e o homem passou a viver em função dela

O fotografo se esforça para descobrir potencialidades ignoradas do programa. Seu foco é o aparelho e o mundo só interesse em função do programa. Esse programa é impenetrável para o fotografo, o que o faz se perder nele. Ele pode até dominar o aparelho exterior, mas é dominado pelo seu funcionamento interno. O poder passou do proprietário para o programador de sistemas.

O argumento da fotografia não convém ao observador, o importante é abrir visões de mundo. A foto permite que vejamos cenas inacessíveis e preservamos as passageiras.

  Os aparelhos programam a sociedade para um comportamento propicio para o seu continuo aperfeiçoamento. As melhores imagens são aquelas em que a intenção do fotógrafo se sobrepõe sobre o aparelho. A função da crítica fotográfica seria revelar o desvio das intenções humanas pelo aparelho. Se não existir crítica, o aparelho se sobrepõe a intenção do homem.

  O canal é para o fotógrafo um método de torná-lo imortal e sustentá-lo. Para isso procura meios para seu engajamento e pagamento. O fotógrafo amador captura a memória do aparelho e não a de um homem porque se distancia de seus valores, conhecimentos, vivencias, registrando apenas situações que o seduziu. Ele até pode conseguir capturar imagens legais, mas não sabe decifrar imagens. Decifrar a fotografia consiste em decifrar as condições culturais dribladas. No pós-industria, as imagens ilustram o texto, não mais explica, dispensando os textos. Assim, o analfabeta fotográfico é também analfabeta textual.

A fotografia manipula o receptor para um comportamento habitual ( ausência de critica e ausência de consciência histórica) em prol do programa. O aparelho fotográfico é a fonte de robotização da vida em todos os sentidos, ele obedece instruções de seus proprietários e os aliena. O propósito por trás dos aparelhos é eliminar o homem para que ele se torne independente.

Resumindo, a filosofia da fotografia: discute sobre a liberdade do fotógrafo ao jogar contra o aparelho e criar uma imagem informativa que não esta em seu programa.

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